sexta-feira, 18 de março de 2011

Abbas anuncia viagem à Faixa de Gaza para tentar obter unidade palestina

16/03/2011 - UOL Notícias
Saud Abu Ramada/Nuha Musleh.

Ramallah/Gaza, 16 mar (EFE).- O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, anunciou nesta quarta-feira que planeja ir à Faixa de Gaza para tentar obter a unidade palestina, na que seria sua primeira visita à região desde que está sob controle do grupo islâmico Hamas.

Abbas fez o anúncio diante do conselho central da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Ramallah, onde assegurou que está disposto a ir a Gaza logo e pediu à população da área que vá recebê-lo.

O presidente da ANP revelou que tem a intenção de realizar a viagem para "acabar com a divisão (palestina), formar um Governo de figuras independentes e convocar eleições gerais".

"Falei com Ismail Haniyeh (chefe do Governo do Hamas em Gaza) para combinar a visita e as atividades públicas durante minha estadia, com a coordenação e o conhecimento de todas as facções (palestinas)", afirmou Abbas.

Sabri Saidam, membro do conselho revolucionário da OLP, declarou à Agência Efe que "há tempo que o presidente Abbas queria ir a Gaza, mas a ocasião agora é mais propícia devido à pressão popular para que se consiga a reconciliação".

Saidam declarou que "o mais provável" é que a visita de Abbas a Gaza ocorra na semana que vem.

Apenas algumas horas depois do anúncio da visita do presidente da ANP à Faixa de Gaza, o Hamas divulgou um comunicado no qual afirmou que "a decisão de Abbas é positiva".

Na nota, o porta-voz do Hamas, Abu Zuhri, ressaltou que o Governo islâmico "fará os preparativos necessários para que a chegada do presidente Abbas a Gaza se produza em breve".

O anúncio de Abbas ocorre um dia depois que milhares de pessoas protestaram em Gaza e na Cisjordânia para exigir a unidade e a reconciliação das forças políticas palestinas.

Os protestos, com grande adesão de jovens, tinham sido convocados através de redes sociais como o Facebook e o Twitter como uma iniciativa popular sem vínculo com qualquer grupo político.

Segundo testemunhas, membros da segurança do Hamas acabaram dissolvendo através da força a manifestação na Faixa de Gaza, onde mais de 10 mil pessoas se reuniram.

De acordo com as fontes, por volta das 19h no horário local (13h de Brasília), cinco horas depois do início do protesto, agentes encoberto começaram a atingir com paus os manifestantes que estavam na praça Al-Katiba, palco da manifestação.

O Hamas e o nacionalista Fatah governam de forma separada em Gaza e na Cisjordânia, respectivamente, desde que o primeiro tomou o poder da faixa em 2007, um ano após ter vencido as últimas eleições legislativas palestinas.

Todos os esforços realizados desde a cisão política palestina para conseguir a reconciliação nacional foram infrutíferos, por isso que a população considera que prejudica seus interesses e dificulta a luta contra a ocupação israelense.

Em fevereiro, Abbas anunciou que convocaria eleições presidenciais e legislativas neste ano, mas o Hamas respondeu que não permitirá a realização de um pleito em Gaza até que haja um pacto de reconciliação e se forme um Governo de unidade.

O anúncio da visita de Abbas a Gaza se produz no mesmo dia em que houve uma escalada da violência na região, onde duas pessoas morreram nesta quarta-feira em um ataque da Força Aérea israelense contra um posto de segurança do Hamas.

O chefe do serviço de emergências do Ministério da Saúde do Governo do Hamas em Gaza, Azham Abu Salmiya, afirmou que as duas pessoas morreram ao serem atingidas por foguetes disparados por caças-bombardeiros F-16 da Força Aérea israelense.

O ataque do Exército de Israel ocorreu depois que milicianos palestinos lançaram pelo menos três foguetes contra o Estado judeu, que não causaram danos, segundo um comunicado militar israelense.
 

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