quarta-feira, 30 de março de 2011

ONGs palestinas criticam cooperação militar Brasil-Israel

A ONG palestina Stop the Wall e a campanha civil internacional Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel (BDS) pediram nesta quarta-feira ao Brasil que suspenda a ampla cooperação militar de suas empresas com o Estado judaico. Segundo um estudo divulgado por essas organizações, o Brasil é o quinto maior importador de armas israelenses, com intercâmbio comercial entre ambos em matéria de defesa que chega a US$ 1 bilhão, e "viola as obrigações legais e os interesses políticos do Brasil".
"O Brasil tem a obrigação de não reconhecer nem apoiar as violações do direito internacional", diz o relatório. O texto destaca que a estreita colaboração com Israel "viola as obrigações internacionais" do Brasil porque beneficia empresas armamentistas que "colaboram na ocupação ilegal dos territórios palestinos e fornecem armas que são usadas em assassinatos".
As ONGs denunciam a assinatura de um acordo de cooperação em matéria de segurança entre os dois países em novembro de 2010 e o estabelecimento de um escritório das Forças Armadas do Brasil em Tel Aviv em 2003, bem como a mediação de autoridades brasileiras em contatos entre empresas israelenses e Exércitos de outros países latino-americanos. Entre as empresas israelenses que têm negócios no ramo armamentista com Brasília, as ONGs mencionam Elbit Systems, Israelense Aircraft Industries e Israeli Military Industries.
Sem a exportação de armas, que representa 70% do negócio da indústria armamentista israelense, "Israel não seria capaz de manter a ocupação ou realizar guerras como a do Líbano em 2006 e de Gaza em 2008/9, ambas duramente condenadas pelo Brasil", diz o documento. As ONG também entendem que a colaboração com a indústria militar israelense "contradiz o apoio do Governo brasileiro à criação de um Estado palestino nas fronteiras de 1967".
Por esses motivos, o comitê nacional do BDS nos territórios palestinos pede ao Governo de Brasília para "não ratificar e cancelar o acordo de cooperação (militar) com Israel, fechar o escritório das Forças Armadas brasileiras em Israel e modificar as regulações de fornecimento do Exército para excluir dos contratos às empresas que violam a legislação internacional". Elas também pedem que as empresas que violam a legislação internacional sejam proibidas de se estabelecerem no país e que essas companhias "sejam excluídas dos contratos para a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas".

Link: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5036569-EI308,00-ONGs+palestinas+criticam+cooperacao+militar+BrasilIsrael.html

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aula de História da Palestina no Jornal Hoje

O quadro é exclusivo para o site do Jornal Hoje e aprofunda questões complexas do cenário internacional, como os conflitos no Oriente Médio, terrorismo e crises econômicas.
O primeiro tema, a crise na Palestina, é apresentado por Arlene Clemesha, professora de História Árabe e diretora do Centro de Estudos Árabes da Universidade de São Paulo (USP).

Assista e comente!

http://g1.globo.com/jornal-hoje/professorJH.html

As Revoluções nos Países Árabes no Século 21

Caras e Caros,

É com grande satisfação que o Centro Acadêmico Guimarães Rosa (IRI-USP) e o Centro de Estudos Árabes (CEAr - DLO/USP) reiteram o convite para o evento As Revoluções nos Países Árabes no século 21, nesta quarta-feira, 30 de março, às 18h. (O cartaz do evento segue em anexo.)

É com maior satisfação ainda que convidamos todas e todos a participarem de um encontro anterior ao evento, com um grupo de refugiados palestinos, às 17h. Com o apoio da Associação da Defensoria Pública da União e do Defensor Público Gustavo Reis, o Centro Acadêmico Guimarães Rosa providenciou a vinda de cerca de 15 refugiados palestinos, dentre os 32 que vivem atualmente em Mogi das Cruzes, para a USP.

O grupo de refugiados em Mogi era composto por 56 pessoas em 2003, mas devido às diversas dificuldades de integração na comunidade e no mercado de trabalho foi se dispersando. Cabe ressaltar que a maior parte dos refugiados não recebe o apoio previsto pelo Estado, nem mesmo pela ONU e, para além das barreiras culturais e lingüísticas, o desconhecimento dos direitos e o não acesso aos mesmos constituem ilícitos nacionais e internacionais.
Com a premissa de que o conhecimento universitário não tem sentido se restrito à Universidade e desconexo à realidade e à sociedade; bem como com o anseio de possibilitar a este grupo de pessoas que possam ser sujeitos conhecedores e portadores de direito; é que os convidamos a vir à USP para participar do evento. Não podemos discutir o Mundo Árabe em uma sala de aula enquanto este "mundo" está a poucos quilômetros de distância e tampouco se pode ignorar as implicações morais e jurídicas da questão.

Esperamos que este encontro constitua um primeiro passo para a promoção de ações da Defensoria Pública com estas pessoas, e acreditamos que a parceria dos estudantes da Universidade de São Paulo com este importante órgão governamental pode ser extremamente relevante e transformadora para a sociedade. Com o anseio de que este seja mais uma iniciativa rumo ao direito constitucional de acesso à justiça, inclusive àqueles que se encontram na situação de refugiados ou imigrantes em nosso país, é que convidamos a todas e todos para este encontro.

O encontro acontecerá no Centro Acadêmico de Filosofia, no Espaço Verde do Prédio de Ciências Sociais (FFLCH-USP), às 17h. Contamos com a gentileza de que aquelas e aqueles que julgarem pertinente, encaminhem este e-mail aos núcleos especiais da Defensoria, grupos de emails e demais pessoas potencialmente interessadas.

sábado, 26 de março de 2011

Parlamento de Israel proíbe demonstrações de luto por fundação do Estado

O Parlamento de Israel aprovou na noite desta terça feira a chamada "Lei da Nakba", que determina que instituições financiadas pelo Estado paguem multas se celebrarem o dia 15 de maio - data da fundação de Israel - com demonstrações de luto pelas consequencias sofridas pelos palestinos.
De acordo com a nova lei, órgãos que recebem verbas publicas "estarão proibidos de financiar qualquer atividade que possa vir a abalar os fundamentos do Estado e contradizer seus valores".
Cidadãos árabes de Israel costumam marcar o dia da fundação de Israel como Dia da Nakba (catástrofe, em árabe) com protestos, vários deles organizados por prefeituras das diversas aldeias e cidades árabes.
O projeto de lei foi uma iniciativa do partido Israel Beitenu, do ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman.
Lieberman afirmou que a lei "devolve a sanidade a Israel, pois nenhum país aceitaria que um órgão financiado por verbas públicas hasteasse uma bandeira negra no dia de sua Independência".
A aprovação da lei, entretanto, foi alvo de algumas críticas. O jornal israelense Haaretz, por exemplo, afirmou em editorial que a lei é "propositalmente vaga" e poderia afetar a realização de seminários acadêmicos e pesquisas históricas que analisem os vários aspectos da Guerra da Independência e os incidentes que a antecederam.
"De fato, esta é uma lei para limitar a liberdade de expressão", afirma o editorial.
Outra lei, também aprovada pelo Parlamento na terça feira, é a "Lei das Comissões de Admissão", que permite a povoados rejeitar membros que possam "afetar a coesão interna". A lei, também de autoria do partido Israel Beitenu, atingirá principalmente cidadãos árabes que quiserem ser admitidos em povoados predominantemente habitados por cidadãos judeus.
A Associação Israelense de Direitos Civis entrou, nesta quarta feira, com um recurso no Supremo Tribunal de Justiça exigindo que a Corte cancele imediatamente a nova lei.
De acordo com a ONG, a lei fornece uma "licença para a discriminação".
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/03/110323_naqba_ji.shtml

Após confrontos, Hamas propõe cessar-fogo com Israel

Líderes do grupo islâmico Hamas anunciaram neste sábado um acordo com outras facções palestinas na faixa de Gaza para um cessar-fogo com Israel com condição de que o governo do país interrompa os ataques no território.
Na semana passada, ataques israelenses mataram pelo menos 10 palestinos, incluindo várias crianças e civis.
Desde o último sábado, militantes em Gaza dispararam mais de 80 foguetes e morteiros em direção ao sul de Israel.
O Hamas e grupos como o Jihad Islâmica afirmaram por meio de um comunicado estarem dispostos a impedir que mais foguetes sejam disparados, se Israel não prosseguir com os ataques.
O correspondente da BBC em Gaza Jon Donnison diz que, no passado, o Hamas não conseguiu impedir a ação de outros grupos militantes do território e sua autoridade deve ser agora testada com a proposta.
A semana passada foi considerada uma das mais violentas desde a grande operação militar israelense de dois anos atrás.
À época, a operação Chumbo Fundido matou mais de 1,3 mil palestinos. O confronto deixou 13 israelenses mortos.
BBC - Brasil
http://www1.folha.uol.com.br/bbc/894408-apos-confrontos-hamas-propoe-cessar-fogo-com-israel.shtml

sexta-feira, 25 de março de 2011

Boicotes, Desinvestimentos e Sanções

Como os governos não estão dispostos a tomar medidas sérias para acabar com a ocupação de Israel e com as políticas discriminatórias, os palestinos pediram a pessoas de todo o mundo que preencham esse vácuo, fazendo o que os governos têm se recusado. Uma das maneiras mais eficazes para pressionar Israel a pôr termo à sua ocupação e inverter a sua política é através do movimento de Boicotes, Desinvestimentos e Sanções. Em uma carta de apoio à campanha de desinvestimentos da Universidade de Berkeley, o arcebispo Desmond Tutu escreveu:

Na África do Sul, não poderíamos ter conseguido a nossa liberdade e paz justa sem a ajuda de pessoas ao redor do mundo, que através da utilização de meios não-violentos, como os boicotes e o desinvestimento, incentivaram os governos e outros atores corporativos a reverter longas décadas de apoio ao regime do Apartheid.


Link: http://www.harvardpsc.com/bds-news/

sexta-feira, 18 de março de 2011

Abbas anuncia viagem à Faixa de Gaza para tentar obter unidade palestina

16/03/2011 - UOL Notícias
Saud Abu Ramada/Nuha Musleh.

Ramallah/Gaza, 16 mar (EFE).- O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, anunciou nesta quarta-feira que planeja ir à Faixa de Gaza para tentar obter a unidade palestina, na que seria sua primeira visita à região desde que está sob controle do grupo islâmico Hamas.

Abbas fez o anúncio diante do conselho central da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Ramallah, onde assegurou que está disposto a ir a Gaza logo e pediu à população da área que vá recebê-lo.

O presidente da ANP revelou que tem a intenção de realizar a viagem para "acabar com a divisão (palestina), formar um Governo de figuras independentes e convocar eleições gerais".

"Falei com Ismail Haniyeh (chefe do Governo do Hamas em Gaza) para combinar a visita e as atividades públicas durante minha estadia, com a coordenação e o conhecimento de todas as facções (palestinas)", afirmou Abbas.

Sabri Saidam, membro do conselho revolucionário da OLP, declarou à Agência Efe que "há tempo que o presidente Abbas queria ir a Gaza, mas a ocasião agora é mais propícia devido à pressão popular para que se consiga a reconciliação".

Saidam declarou que "o mais provável" é que a visita de Abbas a Gaza ocorra na semana que vem.

Apenas algumas horas depois do anúncio da visita do presidente da ANP à Faixa de Gaza, o Hamas divulgou um comunicado no qual afirmou que "a decisão de Abbas é positiva".

Na nota, o porta-voz do Hamas, Abu Zuhri, ressaltou que o Governo islâmico "fará os preparativos necessários para que a chegada do presidente Abbas a Gaza se produza em breve".

O anúncio de Abbas ocorre um dia depois que milhares de pessoas protestaram em Gaza e na Cisjordânia para exigir a unidade e a reconciliação das forças políticas palestinas.

Os protestos, com grande adesão de jovens, tinham sido convocados através de redes sociais como o Facebook e o Twitter como uma iniciativa popular sem vínculo com qualquer grupo político.

Segundo testemunhas, membros da segurança do Hamas acabaram dissolvendo através da força a manifestação na Faixa de Gaza, onde mais de 10 mil pessoas se reuniram.

De acordo com as fontes, por volta das 19h no horário local (13h de Brasília), cinco horas depois do início do protesto, agentes encoberto começaram a atingir com paus os manifestantes que estavam na praça Al-Katiba, palco da manifestação.

O Hamas e o nacionalista Fatah governam de forma separada em Gaza e na Cisjordânia, respectivamente, desde que o primeiro tomou o poder da faixa em 2007, um ano após ter vencido as últimas eleições legislativas palestinas.

Todos os esforços realizados desde a cisão política palestina para conseguir a reconciliação nacional foram infrutíferos, por isso que a população considera que prejudica seus interesses e dificulta a luta contra a ocupação israelense.

Em fevereiro, Abbas anunciou que convocaria eleições presidenciais e legislativas neste ano, mas o Hamas respondeu que não permitirá a realização de um pleito em Gaza até que haja um pacto de reconciliação e se forme um Governo de unidade.

O anúncio da visita de Abbas a Gaza se produz no mesmo dia em que houve uma escalada da violência na região, onde duas pessoas morreram nesta quarta-feira em um ataque da Força Aérea israelense contra um posto de segurança do Hamas.

O chefe do serviço de emergências do Ministério da Saúde do Governo do Hamas em Gaza, Azham Abu Salmiya, afirmou que as duas pessoas morreram ao serem atingidas por foguetes disparados por caças-bombardeiros F-16 da Força Aérea israelense.

O ataque do Exército de Israel ocorreu depois que milicianos palestinos lançaram pelo menos três foguetes contra o Estado judeu, que não causaram danos, segundo um comunicado militar israelense.
 

Revoluções nos Países Árabes

CONVITE
O Centro de Estudos Árabes e o
Departamento de Letras Orientais da USP
convidam para o debate

AS REVOLUÇÕES NOS PAÍSES ÁRABES NO SÉCULO 21
30 de Março de 2011, quarta-feira
18:00 - 22:00

Debatedores:
Profª Dra. Deisy Ventura (IRI- USP)
Profº Dr. Mamede Mustafa Jarouche (DLO/FFLCH- USP)
Profº Dr. Osvaldo Coggiola (DH/FFLCH- USP)
Profª Isabele Somma (Doutoranda em História Social FFLCH-USP)
Profº Luiz Gustavo Porfírio (Pós-graduando FFLCH- USP)

Israel não respeita direitos do povo Palestino

Em artigo nesta Folha ("Direitos humanos em mãos erradas", "Tendências/Debates", 10/10), o embaixador israelense queixou-se do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, em que relatórios têm sido aprovados, denunciando graves violações de direitos humanos por parte do governo israelense nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e da faixa de Gaza.
De fato, apenas nos primeiros seis meses de 2010, foram registradas na Cisjordânia a demolição de 223 edifícios e a expulsão de 338 palestinos de suas casas.
Quinhentas e cinco barreiras violam o direito de ir e vir, impedindo o acesso da população a escolas, a locais de trabalho e a hospitais, para procedimentos vitais como diálise, cirurgias do coração e cuidado neonatal intensivo.
Seguindo a lógica de anexar o máximo de terras com o mínimo de palestinos, o trajeto tortuoso do muro enclausurou Belém e Qalqilia, expulsou 50 mil palestinos de Jerusalém Oriental e anexou 10% das terras mais férteis da Cisjordânia. As colônias israelenses, também ilegais, expandem-se a todo vapor sobre territórios palestinos.
A justificativa de Israel para a violação de direitos humanos -zelar pela "segurança" de seus cidadãos- não se sustenta, sendo tais atos a própria origem da revolta palestina.
Os "mísseis" citados pelo artigo do embaixador são armas de fabricação caseira, usadas em desespero por um povo sem Estado, que sofre a mais longa ocupação militar da história moderna, submetido a bombardeios, a incursões militares, a assassinatos dirigidos e a toques de recolher.
O artigo também cita um prisioneiro militar israelense, omitindo o fato de que Israel tem em seus presídios mais de 6.000 civis palestinos (incluindo crianças), a maioria deles sem acusação formal, processo judicial ou direito de defesa.
Alega-se que Israel estaria sendo alvo de injustiças por parte do CDH em consequência do relatório do juiz Richard Goldstone sobre os crimes de guerra cometidos durante o bombardeio que massacrou 1.397 pessoas em Gaza (incluindo 320 crianças e 109 mulheres).
Assim, deturpa-se o caráter heroico da flotilha de ativistas humanitários do mundo todo, incluindo israelenses e uma mulher sobrevivente do Holocausto, que arriscaram suas vidas para quebrar o bloqueio ilegal a Gaza.
O objetivo da flotilha era chamar a atenção do mundo para o problema? Sim. Era e continuará sendo uma provocação? Apenas se considerarmos o termo um desafio aberto, para que a humanidade impeça a continuidade do cerco a Gaza, onde 80% da população sofre de má nutrição crônica, as crianças apresentam estresse e distúrbios psicológicos causados pelos ataques, pelo sofrimento e pelas constantes bombas sonoras lançadas por Israel sobre a pequena faixa costeira.
O mesmo governo israelense que se queixa do CDH emitiu, no dia 10/ 10, um projeto de lei que, se aprovado, exigirá de todo não judeu de Israel um juramento de "lealdade ao caráter judeu do Estado".
Cerca de 20% da população, de origem palestina cristã, muçulmana ou outra, terá de aceitar o caráter judeu do Estado de Israel ou emigrar, aumentando o número de refugiados, que ultrapassa 9 milhões. As consequências disso, para a Palestina e para o mundo, não valem um debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU?
Artigo publicado na Folha de S. Paulo, 19 de novembro de 2010, seção Tendências e Debates.
Autoras: Arlene Clemesha Professora de história árabe na USP e diretora do Centro de Estudos Árabes da mesma universidade, é representante da sociedade civil do Brasil no Comitê da ONU pelos Direitos do Povo Palestino.
Bernadette Siqueira Abrão Jornalista, formada em filosofia pela USP, é pesquisadora da questão palestina, ativista de direitos humanos e autora, entre outros livros, de "História da Filosofia" editora Moderna.